MISSÃO
A noite invade, fatalmente, o fim do dia O tempo avança, a vida alcança o termo rude O rio leva a correnteza forte e fria As águas correm, a torrente entorna o açude E como o açude em profundeza é nossa vida Quanto mais passa o tempo mais completa fica Pois somos plantas desfolhando pela lida Que a cada folha morta torna-se mais rica É por despetalar-se inteira em pouco tempo Que a rosa reina nos jardins como rainha É por evaporar-se ao bel prazer do vento Que gota d’água é nuvem, chove e rega a vinha Assim também passamos ágeis pelo mundo Celeremente vão passando nossas horas Mas quanto mais e mais esvaem-se os segundos Mais aprendemos a riqueza do agora E cada dia findo é como folha morta Que quando cai dá nova força para a planta É transitório e tênue limiar da porta Que quanto mais aberta mais se agiganta Nós somos tal qual uma grande tessitura Como um tapete costurado a firmes mãos: Quanto mais sofre o espezinhar da bota dura Mais plenitude tem no esforço da missão Da mesma forma que o açude já foi gota Do mesmo jeito que o remanso vira rio Quanto mais fica, a nossa veste, velha e rota Mais vamos nos fortalecendo fio a fio. Só desta forma que se cumprem os destinos: Passamos pelo tempo, e o tempo vem sem dó Viemos da poeira ou do sopro divino E fatalmente vamos retornar ao pó. Oldney Lopes
Enviado por Oldney Lopes em 22/06/2007
Alterado em 21/11/2007 |