TREM MINEIRO
O ferro espreguiça e serpenteia Estirado no estrado de madeira morna Expandindo-se ao forno do sol Face doída e doida dada ao pó do chão Costas doadas ao peso do dever A pedra dorme Com o dormente aos ombros Aguardando o futuro Do pé que a chute Do temporal que a lave Do movimento mágico Que a faça rolar O passageiro espera Apoiando na mala Suas incertezas Olhar perdido no infinito Na busca do amanhã Que persegue sem ver E imagina mas duvida A criança baila solitária Cavalgando heroicamente No silêncio da nuvem de poeira. Na mão, a espada imaginária Rasgando o ventre bandido Do tempo que virá O sino, o apito, a fumaça, A aproximação ritmada E chega o dragão, Arrotando fumaça preta A partida... Na leveza do gigante que desliza quadro-a-quadro O ferro carrega a cruz A pedra levita o tempo A criança leva o sonho O passageiro, a esperança A serpente, os pecados do mundo A fumaça, o amanhã chamado jamais... Oldney Lopes
Enviado por Oldney Lopes em 01/04/2007
Alterado em 15/07/2010 |