GAIA
O rio leva para a vastidão do mar Todo o segredo das entranhas das montanhas Vai carregando em correntezas, a lavar Ardis e iras, desamores, ódios, sanhas O rio joga, em profundezas abissais As excrescências desumanas dos humanos Depois despeja em autoclismos colossais O sangue, a guerra, o fel, o abuso dos tiranos. O rio engole a dor, as sobras e o rejeito Das agonias, do desprezo e do abandono Que serpenteiam pelas curvas do seu leito Até que sejam vomitados no oceano. O mar infindo rasga o ventre e abre os braços Recebe o rio e acolhe e louva e limpa e lava Transpira bálsamos, na vastidão do espaço Transforma em nuvem desavença, açoite e clava O mar, de boca aberta, assopra e abençoa E faz, do céu, a gigantesca embarcação Que vai levar aos continentes, pela proa As nuvens de pureza e de sublimação. O vento carinhoso chega e estende a mão Sustenta, forte, toneladas de água pura Abana, esparge, espalha em toda a imensidão Semeia chuvas de alegria e de ternura. A chuva, lenitivo, é dádiva do céu Que rega o chão sedento e faz brotar sorrisos Transforma o solo seco num doce vergel Recria, a cada dia, um novo paraíso! Oldney Lopes© Oldney Lopes
Enviado por Oldney Lopes em 29/03/2007
Alterado em 22/09/2009 |