OS PALHAÇOS
Desse céu sereno em que te encontras Desse mar de calma e de tranqüilidade Dessas alturas de onde tudo vês Dessas vertiginosas altitudes Em que tens a teus pés homens e mulheres Quem fitas? A quem abençoas? Para quem abres os braços? Miras, porventura, o mar de infortúnio? Enxergas o rio de sangue que escorre no asfalto quente? Vês a torrente de suor e lágrimas que vertem no chão de fábrica? No solo em que pisamos e vivemos A serenidade sobrevoa, e só proporciona sombras A calma e a tranqüilidade dão lugar à iniqüidade e ao desespero Do nosso chão, o que vemos, o que temos, o que lemos? É o agito que domina É a tirania que impera É o trabalho forçado que impõe É o medo que ronda É a encosta que desmorona É a cratera que se abre É a avenida inundada É o dinheiro que falta É a fome que sobra Da altura em que te encontras, Ergueste a tenda embocada para o solo No coração do país Mas nós, os palhaços, Fomos deixados do lado de fora: O picadeiro são as nossas vidas E tu, que sobrevoas os céus E pousas no planalto, Sobes à tribuna, E recitas o teu sermão: Abençoados sejam os palhaços Porque a eles serão dados pão e circo. Oldney Lopes
Enviado por Oldney Lopes em 29/03/2007
Alterado em 01/04/2007 |