MEA-CULPA
Insensato no que digo, eis meu inferno, Impetuoso na forma em que me expresso Vou morrendo nos rompantes em que externo Meus recônditos anseios, meus excessos. Por guardar dentro do peito um sentimento Um desejo de tamanha intensidade Foi que cedi à insensatez, num vil momento, E me matam minha culpa e veleidade. Morro ainda mais por arrependimentos Do que pelos sentimentos que me instigam Duelam, dentro de mim, dois pensamentos De ternura e de avidez que sempre brigam. Vou, sem corretivos que desfaçam gestos, Engolindo o fel deste arrependimento Digerindo os erros, deglutindo os restos Da perversão que engendrei e ora lamento. Pois não há qualquer pedido de perdão Que logre justificar o que foi feito Nem borracha que desmanche um tal borrão Nem lenitivo que me sane a dor do peito. É na tolice já feita que reside A vergonha que encarcera-me e devora A luz que já brilhou, e turba-me a lide Em que o ontem vai tragando o meu agora. Foi movido por paixão inveterada Por intenso turbilhão excitativo Que irrompi verbologia imoderada E sou presa da recordação que vivo. Eu cravei no sonho lânguido um punhal Que me leva a cometer, entristecido, Suicídio de um romance angelical Que no meu peito jazeu sem ter nascido! Oldney Lopes© Oldney Lopes
Enviado por Oldney Lopes em 22/05/2010
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