ANCESTRALIDADE
Sou resultado de uma ancestral equação: A soma dos meus antepassados, A multiplicação de tudo o que pensaram, O expoente de tudo o quanto agiram, Parte da divisão do que tiveram, Pedra a mais na edificação que engendraram. Sou vastidão de espaço geográfico: Mar que se estende entre Europa e América Águas de suor e lágrimas entre Portugal e Brasil. Sou síntese do espaço temporal Que condensa a saga familiar De lutas, tropeços e conquistas. Quando falo, sou o eco afro, E a ressonância ameríndia De tudo o que disseram os avós e os avós dos avós. Cada passo que dou é fração De todo o caminho entre Restinga e Franca, São Paulo e Guaratinguetá Entre Ubá e Leopoldina, Rio, Petrópolis e Guaratinguetá Sou adição do encontro de caminhos em Guaratinguetá Sou fatia de círculo dividido Pelo chão das montanhas de Minas. Torta de nacos siameses: Parte de mim mora em Brumadinho Parte em Belo Horizonte, Parte em Mercês, Parte em Barbacena, Parte em Lafaiete... Deixo aqui, Numa quintessência de almas e sangues, O acréscimo do encontro entre Barbacena e Senhora dos Remédios. A crescer e ramificar E espargir pela posteridade O mesmo sangue O mesmo suor As mesmas lágrimas Os mesmos risos Deixo aqui, Numa parede de versos Um tijolo Que será quem sabe Lido um dia Por alguém que jamais conhecerei Mas de quem já sinto grandes saudades. Sou subtração a cada dia que passa De cada dia que resta... Sou abençoado. Feliz por ser assim: Incógnita de uma equação que não tem fim Mas da qual já sou Resultado. Oldney Lopes© Brumadinho, 21 de janeiro de 2010. Oldney Lopes
Enviado por Oldney Lopes em 21/01/2010
Alterado em 21/01/2010 |