POROS, POEIRAS, PORÕES
Tudo o que construí foi juntando poeiras: Poeiras dos pensamentos, Dos caminhos percorridos, Poeira de tudo o que disse e ouvi, De tudo o que fiz e fingi. Poeira de poemas. E depois, copos de ânsia e ânimo Copos de amargor para a argamassa Copos de mágoa para o amálgama Copos de absinto do que sinto: Quantos copos de angústias bebi! E mais, e mais, e mais Imateriais de construção: Pás de juízo – piso Latas de fomes e sedes – paredes Metros de trilhas tortas – portas Sacas de querelas – janelas Quilos de intrigas – vigas Vácuos, vazios, nadas e lacunas – colunas Catracas, barreiras e vetos – tetos Metros quadrados de sonhos frustrados – telhados Carrinhos de mão de tédio oco – reboco Carrinhos de mão de nãos – vãos Gotas de loucura – pintura Carinhos de mãos – demãos E depois de tudo pronto Do sonho à edificação De mais, de mais, demais Imateriais de desconstrução Tudo o que fiz, e onde vivo, É pura poeira – é porão. Oldney Lopes© Oldney Lopes
Enviado por Oldney Lopes em 25/08/2009
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