O MENINO
Aquele menino, A despeito da ditadura do relógio E das rugas do espelho, Insiste em viver. Vez por outra, Sai do CTI E salta da maca da maturidade Pulando, sorrindo, dizendo bobagens, Fazendo molequices. Outras vezes Cai na opacidade, Torna-se frágil E desfalece diante da severidade Do mundo e das pessoas. Enquanto os antigos livros Submergem no amarelecimento dos dias O menino, De vez em quando, Traz à tona Páginas novas, brilhantes, luzentes. Depois volta a internar-se No hospital das cínicas veleidades sociais. Veste a capa da circunspecção. Adoenta-se por não poder Gritar seus anseios, Viver seus desvarios, Cumprir seus sonhos. E volta ao coma... Quando ressurge, Confrontando-se comigo, Percebo o quanto permanece sempre o mesmo. E vejo que quem se esvai, A cada dia, Sou eu. Oldney Lopes© Oldney Lopes
Enviado por Oldney Lopes em 08/07/2009
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